quarta-feira, 26 de setembro de 2018

ESCRITORES NÃO DEVERIAM TRABALHAR

As pessoas pensam que os escritores tem uma vida fácil. É mesmo? Já pensou no quanto é difícil ter uma ideia? Pensar em algo útil ou significativo, que as pessoas tenham interesse, e daí colocar tudo na tela do computador, para depois editar, editar, editar, reescrever, reescrever, reeescrever, editar mais um pouco, reescrever mais um pouco, para só então enviar para o editor, que certamente vai mandar você mexer novamente no texto. É uma trabalheira!

Como se isso não fosse pressão suficiente, toda forma de arte o é, ainda temos de cuidar da esposa, do cãozinho, dos filhos, da família, do trabalho e outros pequenos detalhes da vida. Temos de ir ao supermercado, fazer pequenas compras, nos exercitar, reclamar com o síndico sobre alguma chatice do condomínio, ouvir as lamúrias das velhas do prédio no elevador, reclamar com o porteiro que não entrega a correspondência em dia, lavar o carro, colocar combustível (sua cabeça já começou a explodir?).

Ainda por cima, como se tudo isso não fosse uma lista demasiado longa e tediosa de problemas, temos que escrever. Sentar em uma cadeira e escrever. Para os verdadeiros escritores, escrever não é um capricho, mas uma necessidade, algo do qual não podemos prescindir. Podemos ficar dias, semanas ou até meses sem escrever uma linha, mas algo dentro de nossas cabeças fica latejando, enviando sinais constantes de que devemos escrever, precisamos escrever, do contrário nossos dedos queimarão e nossa cara derreterá ou coisa parecida. Quanto mais tempo passamos privados da arte, mais premente se torna a necessidade.

Não é uma escolha, mas um desejo. Um desejo incontrolável que precisa ser saciado ou, no mínimo, apaziguado. 















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